domingo, novembro 26, 2006

the devil wears tweed tights

Deixei minha cama quentinha (e um marido também) hoje bem cedo, comi torta de maçã com café au lait e fui à um salão japonês, de ônibus, retocar minha permanente nos cílios - que mega hair que nada, matsugue perm é o fututo! A foto acima é de quando fiz pela primeira vez. A dona do salão é muito simpática, sabe falar várias coisas em português pois o filho estuda com brasileiros e usa produtos da Natura (ela disse que a linha de Maracujá é a sua preferida).

o diabo veste meias de tweed: (foto acima)

De minha mãe ganhei vários pares de meia calça de inverno da TriFil, que vieram via irmã. Como estava frio, usei a meia de tweed com um vestido de lã cinza e um casaco bem quentinho. Depois fomos (eu e Alexandre, minha irmã e meu cunhado) almoçar em um restaurante italiano em que eu comi um spaghetti de frutos do mar de outro mundo e de sobremesa um mousse de frutas vermelhas. Sair com minha irmã é um barato, ela é muito bacana e só me faz rir - I love her to pieces!

Acabei de chegar em casa, agora vou tomar um banho e estudar (estou estudando leis de trânsito para tirar minha carteira de habilitação japonesa).

Até.

quarta-feira, novembro 22, 2006

minimalismo japonês

Minimalismo é a tendência em reduzir tudo ao seu estado fundamental e necessário. Embora eu não concorde com (ou não entenda?) vários aspectos da cultura japonesa - eu adoro o minimalismo: a capacidade que os japoneses têm de transformar o mínimo em máximo. Estaria o minimalismo japonês intrinsecamente ligado ao zen budismo na medida em que não precisamos de muito para ser feliz? Os monges mesmos dizem que a comida que entra em seu corpo durante um dia cabe na palma de suas mãos.

Eu acho interessante observar pequenos padrões de minimalismo se repetindo e se espelhando em várias facetas: como a alga (nori) do sushi se assemelha à um Obi (faixa de um kimono ou um yukata) - (ilustração acima). Dia desses me desfiz de 2 sacolas enormes de roupas, sapatos e bolsas que não uso mais. E nada daquilo me faz falta. Ainda preciso me desfazer de coisas que tenho só porque paguei caro (mas nunca usei) e revistas velhas que coleciono (mas só empoeiram).

Procuro o minimalismo em minha vida: o muito com pouco.

sábado, novembro 18, 2006

jantar com minha irmã

Minha irmã chegou no Japão na quarta-feira (ela e meu cunhado moram aqui há muito tempo, mas ela está voltndo das férias no Brasil) e o melhor: vai morar a 25 minutos (de carro) da minha casa. Ela chegou na quarta-feira mas só vou vê-la hoje, vamos sair para jantar (está friozinho, vou inaugurar minha jaqueta preta de botões enormes).

Estou ansiosa para vê-la, a última vez que nos vimos foi em agosto do ano passado quando ela veio aqui em casa me visitar no feriadão prolongado (golden week), na época ela morava em outro estado. Estou com muita saudade.

Sem nada demais para fazer, vou tocar guitarra e depois ver TV - vai passar Resident Evil: Apocalypse.

Até.

terça-feira, novembro 14, 2006

TV

Pseudos intelectuais repudiam a televisão. Assistiu TV? Imagina, eu estava lendo Os Imãos Karamazov! Por bem ou por mal eu vejo TV e muitos seriados (que, olha, são como novelas que se arrastam por anos) e filmes. Quer bater no peito com orgulho que não assiste TV? Ótimo. Eu assisto TV e antes de dormir vou ler Arthur Miller. Há de tudo na TV e existe em suas mãos uma arma poderosa: o controle-remoto, com ele você acha coisa melhor para ver, programas com humor inteligente e gente interessante ou simplesmente a desliga e vai dar uma volta em um parque, ler um bom livro ou ficar jogando conversa fora com os amigos em casa.

Assisto muito Queer Eye for the Straight Guy. 5 gays são recrutados para transformar para melhor a vida de um cara "straight" (hetero). Engraçadíssimo - o FAB FIVE (Jai, Thom, Ted, Carsson e Kyan) me faz lembrar porque sempre tive amigos gays. Lá que aprendi que o vinho para acompanhar sobremesa deve ser mais doce que a própria sobremesa - entre outras coisas. Eu troco qualquer outra programa por esses caras!


E você, o que anda TVendo?

segunda-feira, novembro 13, 2006

LUFT laft zoom

Eu leio Lya Luft. Adoro-a. Mas nem sempre foi assim. Me interessei pela Lya Luft ao ler uma de suas colunas na revista Veja - interessei-me porque odiei-a à primeira vista. E como sempre pesquiso um(a) autor(a) antes de ler alguma de suas obras, descobri que a Lya Luft traduziu para o português o livro The Bell Jar da minha amada Sylvia Plath.

Li a Lya por causa da Sylvia, veja só.

O David Bowie, o eterno camaleão do rock, uma vez disse que você não olha para o Warhol (Andy Warhol, artista plástico americano) e pensa "aquele cara que pintou latas de sopa", mas sim "o que aquele cara tem de tão interessante que o fez pintar latas de sopa?". E o mesmo sucedeu-se com a Lya - o que ela tem de tão interessante que a compeliu a traduzir Sylvia Plath?

"Não existe isso de homem escrever com vigor e mulher escrever com fragilidade. Puta que pariu, não é assim. Isso não existe. É um erro pensar assim. Eu sou uma mulher. Faço tudo de mulher, como mulher. Mas não sou uma mulher que necessita de ajuda de um homem. Não necessito de proteção de homem nenhum. Essas mulheres frageizinhas, que fazem esse gênero, querem mesmo é explorar seus maridos. Isso entra também na questão literária. Não existe isso de homens com escrita vigorosa, enquanto as mulheres se perdem na doçura. Eu fico puta da vida com isso. Eu quero escrever com o vigor de uma mulher. Não me interessa escrever como homem." - LYA LUFT, escritora.

domingo, novembro 12, 2006

Tate e fotografia


Assisti Little Man Tate mais uma vez. O filme é brilhante. O que há para não gostar? Jodie Foster e Harry Connick Jr. (menino-jazzístico que adoro). Sem falar nas telas que o personagem Fred Tate pintava. Não tenho a força criativa para telas como aquela da cabeça de aquário. Só a fotografia me salva e me acalenta, porque nela me encontro: minhas lentes não me julgam, elas são a melhor parte de mim, a parte que a maioria das pessoas não vê. Quando assisti Lost in Translation, a personagem Charlotte diz que já tentou fotografar, mas suas fotos são medíocres, apenas fotos de seus próprios pés e que toda menina tem uma fase de fotografia, como a fase de gostar de cavalos - me vi completamente nessa situação. Hoje não me preocupo mais em ser brilhante (embora eu seja um tanto perfeccionista) e ver um propósito em tudo. Aprendi dar valor ao improviso, ao inesperado e tudo bem se eu tirar fotos de meus próprios pés.

foto: "a contorcionista" 2003, giselle zayat.

sábado, novembro 11, 2006

27 COISAS QUE ME DEIXAM FELIZ

Alexandre;
Dar risada ao telefone com minha mãe e minha irmã;
Ler um bom livro;
Comer melancia em um dia de calor;
Andar em meio ao verde;
Aprender línguas;
Um beijo apaixonado;
Ouvir uma história engraçada ou estranha;
Dormir bem;
Ficar na cama até mais tarde aos domingos;
Receber um presente inesperado;
Uma xícara de café pela manhã;
Comer alguma coisa que eu estava com vontade de comer;
Ouvir um elogio sincero;
Encontrar algo que pensava ter perdido;
Gatos e cachorros;
Ouvir notícias de pessoas que gosto e não vejo há muito tempo;
Olhar fotos antigas (e não só as minhas);
Cheiro de cabelo lavado;
Chocolate amargo;
Trabalhar com as mãos;
Dar risada;
Ser compreendida sem ter que me explicar;
Um sorriso de verdade;
Cozinhar alguma coisa e alguém dizer que está uma delícia;
Brincar na neve como se eu fosse criança;
Assistir O Mágico de Oz e cantar junto as músicas.

27 coisas que alegram meus dias para os meus 27 anos.

sexta-feira, novembro 10, 2006

carta à uma poetisa

Estou lendo The Unabridged Journals of Sylvia Plath. E os poemas de Ana C. - não me surpreende que a segunda teve o fascínio suficiente para traduzir a primeira e que as duas tiveram o mesmo fim por quase as mesmas angústias. Ler Sylvia Plath é como ler a mim mesma. Quantas vezes não li Ariel e Lady Lazarus a pensar que estava lendo o reflexo de um espelho? Há dias em que não consigo sequer pentear o cabelo, outros em que apenas a luz que entra pela cortina do quarto me fascina e me faz entender a beleza do mundo, a beleza de ser, de existir.

Às vezes queria te dizer que seis anos me fizeram mentir e me negar, por isso guardo nosso tempo juntas em uma pequena caixa, a little pandora box, onde por vezes me acho e me perco. Sobrevivo com as sobrancelhas semi-arqueadas e os lábios úmidos semi-abertos, uma quasi-Afrodite, às avessas com o que me cerca. Sou eu tão errada em me enterrar em meu pequeno universo de poemas e prosa e de ideais (embora perdidos)?

"(...)Pois não há tempo, pois não há mais tempo, em vez disso há o medo súbito e desesperado, o relógio que bate e a neve que cai de repente demais após o verão. Certo, sou dramática e meio cínica, indolente e meio sentimental. Mas nos anos fáceis poderei amadurecer e descobrir meu caminho. Agora estou vivendo numa situação crítica. Estamos todos na beira do precipício, isso exige muito vigor, muita energia, seguir pela borda, olhar para baixo, ver a escuridão profunda sem ser capaz de identificar através da névoa amarelada e fétida o que jaz abaixo do lodo, na lama que escorre cheia de vômito; e assim sigo em frente, imersa nos meus pensamentos, escrevendo muito, tentando achar o centro, um significado para mim.(...)"
– Os Diários de Sylvia Plath.

ARIEL
Estancamento no escuro
E então o fluir azul e insubstancial
De montanha e distância.
Leoa do Senhor
Como nos unimos
Eixo de calcanhares e joelhos!... O sulco
Afunda e passa, irmão
Do arco tenso
Do pescoço que não consigo dobrar.
Sementes
De olhos negros lançam escuros
Anzóis...
Negro, doce sangue na boca,
Sombra,
Um outro vôo
Me arrasta pelo ar...
Coxas, pêlos;
Escamas e calcanhares.
Branca
Godiva, descasco
Mãos mortas, asperezas mortas.
E então
Ondulo como trigo, um brilho de mares.
O grito da criança
Escorre pela parede.
E eu
Sou a flecha,
O orvalho que voa,
Suicida, unido com o impulso
Dentro do olho
Vermelho, caldeirão da manhã.

(Tradução: Ana Cândida Perez e Ana Cristina César)

quinta-feira, novembro 09, 2006

violino e violoncelo


A foto acima é a obra Violon d'Ingrés (1924) do grande fotógrafo Man Ray. Eu adoro essa foto porque ela é uma perfeita dicotomia do ser/parecer: Man Ray usa os F-holes de um violino para compor uma imagem sensual e intrigantecom o corpo da mulher... Mas é assim - interpretar fotografia é como interpretar poesia, ninguém pode te dizer o que você deve sentir.

Enfim, a foto da direita sou eu.


Ou como diria Foucault sobre a obra Ceci n'est pas une pipe do Magritte - um quadro que mostra um cachimbo, e abaixo dele escrito em francês: esse não é um cachimbo (foto acima); aquilo não é um cachimbo e sim a representação de um cachimbo.
Pois bem, essa não sou eu - eu não sou definida pelo que aparento, a foto é uma representação do que sou. Um dia quero tatuar os f-holes em minhas costas, para me lembrar disso sempre.

Sejam bem-vindos à essa etapa da minha vida.

Para conhecer ou se deliciar:
Magritte:
aqui e aqui;
Man Ray: aqui e aqui;