sexta-feira, novembro 10, 2006

carta à uma poetisa

Estou lendo The Unabridged Journals of Sylvia Plath. E os poemas de Ana C. - não me surpreende que a segunda teve o fascínio suficiente para traduzir a primeira e que as duas tiveram o mesmo fim por quase as mesmas angústias. Ler Sylvia Plath é como ler a mim mesma. Quantas vezes não li Ariel e Lady Lazarus a pensar que estava lendo o reflexo de um espelho? Há dias em que não consigo sequer pentear o cabelo, outros em que apenas a luz que entra pela cortina do quarto me fascina e me faz entender a beleza do mundo, a beleza de ser, de existir.

Às vezes queria te dizer que seis anos me fizeram mentir e me negar, por isso guardo nosso tempo juntas em uma pequena caixa, a little pandora box, onde por vezes me acho e me perco. Sobrevivo com as sobrancelhas semi-arqueadas e os lábios úmidos semi-abertos, uma quasi-Afrodite, às avessas com o que me cerca. Sou eu tão errada em me enterrar em meu pequeno universo de poemas e prosa e de ideais (embora perdidos)?

"(...)Pois não há tempo, pois não há mais tempo, em vez disso há o medo súbito e desesperado, o relógio que bate e a neve que cai de repente demais após o verão. Certo, sou dramática e meio cínica, indolente e meio sentimental. Mas nos anos fáceis poderei amadurecer e descobrir meu caminho. Agora estou vivendo numa situação crítica. Estamos todos na beira do precipício, isso exige muito vigor, muita energia, seguir pela borda, olhar para baixo, ver a escuridão profunda sem ser capaz de identificar através da névoa amarelada e fétida o que jaz abaixo do lodo, na lama que escorre cheia de vômito; e assim sigo em frente, imersa nos meus pensamentos, escrevendo muito, tentando achar o centro, um significado para mim.(...)"
– Os Diários de Sylvia Plath.

ARIEL
Estancamento no escuro
E então o fluir azul e insubstancial
De montanha e distância.
Leoa do Senhor
Como nos unimos
Eixo de calcanhares e joelhos!... O sulco
Afunda e passa, irmão
Do arco tenso
Do pescoço que não consigo dobrar.
Sementes
De olhos negros lançam escuros
Anzóis...
Negro, doce sangue na boca,
Sombra,
Um outro vôo
Me arrasta pelo ar...
Coxas, pêlos;
Escamas e calcanhares.
Branca
Godiva, descasco
Mãos mortas, asperezas mortas.
E então
Ondulo como trigo, um brilho de mares.
O grito da criança
Escorre pela parede.
E eu
Sou a flecha,
O orvalho que voa,
Suicida, unido com o impulso
Dentro do olho
Vermelho, caldeirão da manhã.

(Tradução: Ana Cândida Perez e Ana Cristina César)

Um comentário:

Annie Nihon disse...

“That's all they really want
Some fun
When the working day is done
Girls--they want to have fun
Oh girls just want to have fun,
They want to have fun,
They want to have fun...”
Girls Just Wanna Have Fun(Cindy Lauper)
Fim de semana passado eu fiquei down! Down=Comer! Infelizmente eu comi um monte... de besteiras hiper calóricas no fim de semana prolongado.Resumo do estrago, eu engordei no fim de semana! Essa semana emagreci o que engordei. Perdi 600 graminhas... ta bom!!!
Divirta-se no Fim de Semana! Because, Girls Just Wanna Have Fun!!!